sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Asno, voto e mercado.

Qual destes lindos produtos frutos do belo sistema capitalista explorador eu levarei? 
Diante de Marina-salve-a-floresta(petista com clorofila) e Dilminha(uLULAante inépcia encarnada), o eleitor liberal  e  libertário vivencia sensações análogas à um asno de Buridan, só que de modo contrário(tal como Alison me alertara). E eu seria um asno, não o de Buridan, se depositasse minha cega fé, nos pífios, para não dizer inexistentes, poderes que meu voto possui em processos eleitorais. Serão necessárias quantas existências para que eu possa dar-me conta que o único voto que de fato eleva minha condição de indivíduo livre, não seja o de uma eleição política, e sim, o que deposito a cada ida ao mercado? Neste, de fato, possuo o poder de decisão e opto por comprar a areia para o Ginger, por exemplo, da marca que me aprouver com o custo que estou disposto a pagar, no estabelecimento que me for conveniente e não corro quaisquer riscos de ter minha decisão contrariada, não obstante esteja impedido de comprar quaisquer areias sem as aclamadas e amadas regulações impostas pelo impostor. Mas ainda assim, posso escolher dentre as opções já sumariamente reguladas. Resta-me um escopo de atuação do meu querido e amado eu. Imaginem, porém, o quão fastidioso seria ter que adquirir a areia que a maioria imbecilizada, ou supostamente esclarecida e amante dos animais e da vida saudável, escolhera por meio de votação, sem opção de ao menos 3 ou 4 marcas. Penso que deveríamos passar o dia das eleições comprando compulsoriamente em supermercados, shoppings, feiras e nos certificarmos o quão irrelevante e homeopático, pra não dizer apático, é o poder de nosso voto, quando diluído na massa amorfa da turba dependente do Estado-papai em uma democracia representativa. Com a atual inflação, estocar comida seria até uma questão de prudência.  Gastar toda nossa economia no dia das eleições sem pensar no amanha, e esquecer que há BURROCRATAS querendo controlar nossas vidas seria um delicioso exercício de catarse. No melhor dos mundos possíveis, poderia até imaginar que seria um dia livre de impostos. Mas não, não, não e não! Eu serei coagido a votar. Já ouço vozes dos estatólatras dizendo: "mas tu não precisas votar, falte, és livre, não?!" Sim, posso, desde que arque com o fato de ter que dispor do meu precioso tempo, como nas outras eleições, pagar ilegítimas taxas e ir até o fórum da minha cidade para não ter minha vida mais uma vez dificultada pelo Parasita. Retornando as compras, me certifico que os proprietários serão coagidos a fecharem as portas de seus estabelecimentos e  a dispensarem seus colaboradores, no dia da tediosa eleição (se não bastasse, haverá o malgrado 2° turno). E mesmo na hipótese de não ir à eleição e ficar comprando coisas a esmo, no lugar onde ainda há o resquício da bela anarquia de mercado, a amada internet, eu serei obrigado a pagar altas taxas de importação, se optar por produtos com um custo menor dos produzidos aqui, e estarei sendo pilhado em cada produto que depositar meu voto, pois em cada um deles há uma cadeia tributária para que a espoliação legalizada de cada dia seja mais elevada que a alquimia e a letargia desta pobre rotina de sustentar, O PARASITA. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

da lama ao caos, do carnaval à lama

começou com a fantasia
que nos alegrava pra folia
ao anunciar a festa que viria

bebericou-se cevada na estrada
que de tanto sugar, veio avacalhar
sem que ao menos pudéssemos avaliar

e no meio da lama, fez-se o drama
escutando ir[racionais], o negro drama
cerceado pela intransponível façanha
sacana


e nesta rima
pobre de versos
côncavo-convexo
sobre (...)
(…) drama,
a tal da vivian na cama e
outras que não se explana
um insigth exclama:

“A LAMA QUERIA MÚSICA DE CARNAVAL NAS ENTRANHAS

E NÃO O TAL DO RAP QUE OS LEVOU À POÇA TAMANHA”

eis o motivo desta inesquecível campanha

quarta-feira, 2 de maio de 2012



do ausente 
és latente
de um sol poente
materializando-se,
eternamente
na carne
contente
constante[MENTE]
dentre os entes
feito uma serpente
do[ente]
sem que ao menos tente
ser diferENTE...

sábado, 17 de março de 2012

.

lá no mato há um gato
lá no mato há um saco
lá no mato há um pato
lá no mato há um saco com um pato

o gato brinca em eterno ato com muito tato
o pato, contrariando os fatos, apenas cumpre o contrato
tratando todos os dias sobre os mesmo fatos, atos e dados

o que sucederá ao gato
responder-se-á só em ato
nos atos, lá no mato ou no quarto
sem prévios dados

ao passo que o pato
tende a ficar paralisado
desprezado, lá no mato
como um inerte pato

e se de muito gago
degustar o amargo
repetindo o ato
raro será o aprendizado
de que entre amar e o amargo
há somente um trato:

AMARGO
AMAR(GO)
AMAR     GO
AMAR      GO
AMAR        GO
AMAR          GO
AMAR            GO

em algum ponto cardeal
deste mundo desigual
com o qual e sem o qual
estando ou não, num retiro espiritual
sempre algum tipo de mingau
alimenta este boçal...

tripudiar o corão
algum sermão
adão, sansão
humor, razão
mesmo que seja em vão
budista, espírita ou cristão
é direito que temos, irmãos

o certo é que ser livre sempre será
a maior e mais endeusada decisão
embora exerça cisão
entre tolos e os de razão

sou não

só não

sempre SÃO

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

sua poesia



ja que nunca poetisei pra ti
hoje, depois de seu mentir
quero mesmo é somente rir (...)

(r...) ir
(.r..) ir
(..r.) ir
(...r) ir
ir...ir...ir...ir...ir

que a rima seja em demasia, fria e pobre
e meu riso fecunde sobriamente o pólen
modificando sua dissimulação em algo nobre

rir com escárnio
buscando no escarro
expulsar todo enfado
de um mero sentir, barato

é necessário é necessário


talvez, documentar este pobre fato
pois minha memória tem se negado
e subitamente, até deletado, seus dados

e nada armazenado e nada armazenado


jamais coisa rara
custosa ou mui cara
inventiva, amarga
venenosa e rasa

saia da estrada macabra
sem placas e sem amarras
deixando-me findar este legado
em que o recado fora-me revelado

amargo
amar
go...go...go...go...go

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Natimorto


Com as imagens ainda latentes na minha retina arranhada por uma profusão de idéias que se intercalam sobrepostas e nada impostas na concatenada teia de complexas idiossincrasias indigestas pelas quais fui submetido por tal película, reluto em refluir o alimento que me fora ofertado pelo angustiante abismo no qual precipitei-me ao longo do filme por se tratar de nutrição de grande valia, embora úlcera aberta, in vida. A desconcertante presença da reflexão intimista marcada na imersão da consciência individual, pincelada pela opressiva e sombria condição humana, revela-nos seus limites e abismos. Baseado no livro de Lourenço Mutarelli, cuja escrita apresenta-se como uma das mais híbridas e instigantes da atual produção literária nacional, repleta por diálogos desconcertantes, limados com humor ácido e pautada pela recorrência ao simbolismo existencial, o filme é fruto da adaptação do segundo livro do Kafkoiévski Paulistano, cuja densidade e ironia insultam os níveis das sadias mentes benevolentes defensoras de uma visão antropologicamente positiva da perversa natureza humana. Afinado roteiro, com diálogos impactantes, a prática da taromancia com as mensagens e figuras doentias que ilustram o verso dos maços de cigarros, somados as estórias contadas pelo personagem interpretado por Mutarelli, findam, por revelar, consequências surreais e epifânicas resultantes das divagações em que ambos se lançam no enclausurado quarto de hotel onde se encontram. Atmosfera destrutiva e depressiva, profícua reflexão perturbadora, flerte com a esquizofrenia, dentre outras características, exemplificam de modo profundo o Eros e Tânatos que habitam (D)ENTR(O)E nós, pobres criaturas, desta mendicância torpe de uma vivência desvairada e envaidecida na qual fomos submetidos sem quaisquer autorizações ao OUTREM(DEUS). Talvez por isso ele vislumbre tanta beleza na passagem súbita da existência para não-existência de um ser como NATIMORTO.



PS: Simone Spoladore está maravilhosa. Fotografia belíssima. Lourenço, sem comentários...


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Conceda-me seu antídoto

Pois sem ti, careço de sentido

A vida perambula num círculo

Eterno-retorno, morno, insípido



Conceda-me seu artifício

De fazer-me sempre um riso

Tecendo a paz em seu solstício

Acalentando meu louco hospício



Se não há antídoto, mate-me feito bandido

Arranque de meus lábios seu último suspiro

Enforque meu amor com seu aroma-flor-dor

Neste mendicância torpe em que meu escárnio

Esvaziou-se e multiplicou-sE

 
Noutros Amores...



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dia cinzento.

Com os olhos entreabertos na manhã cinzenta que anunciava o dia que insistia me observar, pensei relutante em ser outro eu, ou outrem, que não este meu eu. Mas este outrem não poderia ser qualquer outrem, ou outro eu, mas sim um outrem que meu atual eu julgasse ser adequado a este meu eu. Tantos eus ou outrens, que recolher-se no meu insignificante eu, e apenas tentar imaginar o outrem correspondente à vontade deste meu eu, era o que coloquei-me a pensar neste meu íntimo eu: o eu pensante. Percebi que o eu da minha chuvosa manhã escura, já não era o mesmo eu, dos sonhos na madrugada nua e crua. Na medida do tedioso dia, absorto pelas divagações e mergulhado na onda pelo pensamento do meu futuro eu, encontrava certa dificuldade em estabelecer o que meu atual eu desejava querer do outrem e futuro eu. A cada outrem que meu eu pensava, já não era o mesmo eu que raciocinava. As possibilidades eram tantas, que talvez o melhor a fazer, era torcer pro meu eu jamais esquecer querer ser outros eus, e assim atualizar-se sempre em eu. Sou eu, não sou eu, sou mais eus...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

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Há uma fome

Intransigente

Concupiscente e

Inconseqüente fome


Uma fome que se alimenta

Da vontade de não ser fome

Pois, uma insaciável fome

Requer ser ad infinitum fome



E esta ânsia em não ser mais fome

Deseja não ser saciada com um nome

Necessita de uma variabilidade enorme        

Ácida, amarga, agridoce e conforme,



O tino picante de  malicias e carícias

Que após ser degustada com bebida

Permanece, eterna e descabida

Insaciável
Bandida
Perene-desejar

AFLITA

Eis a fome, que és fome de,

VIDA
VIDA
VIDA...