Qual destes lindos produtos frutos do belo sistema capitalista explorador eu levarei? |
Ralph Kohler φ
Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês. Mario Quintana
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Asno, voto e mercado.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
da lama ao caos, do carnaval à lama
começou com a fantasia
e nesta rima
pobre de versos
côncavo-convexo
“A LAMA QUERIA MÚSICA DE CARNAVAL NAS ENTRANHAS
que nos alegrava pra
folia
ao anunciar a festa que viria
ao anunciar a festa que viria
bebericou-se cevada na
estrada
que de tanto sugar,
veio avacalhar
sem que ao menos pudéssemos avaliar
sem que ao menos pudéssemos avaliar
e no meio da lama,
fez-se o drama
escutando
ir[racionais], o negro drama
cerceado pela
intransponível façanha
sacana
sacana
e nesta rima
pobre de versos
côncavo-convexo
sobre (...)
(…) drama,
a tal da vivian na cama
e
outras que não se
explana
um insigth exclama:
“A LAMA QUERIA MÚSICA DE CARNAVAL NAS ENTRANHAS
E NÃO O TAL DO RAP
QUE OS LEVOU À POÇA TAMANHA”
eis o motivo desta
inesquecível campanha
quarta-feira, 2 de maio de 2012
sábado, 17 de março de 2012
.
lá no mato há um saco
lá no mato há um pato
lá no mato há um pato
lá no mato há um saco com um pato
o gato brinca em eterno ato com muito tato
o pato, contrariando os fatos, apenas cumpre o contrato
tratando todos os dias sobre os mesmo fatos, atos e dados
o que sucederá ao gato
responder-se-á só em ato
nos atos, lá no mato ou no quarto
sem prévios dados
ao passo que o pato
tende a ficar paralisado
desprezado, lá no mato
como um inerte pato
e se de muito gago
degustar o amargo
repetindo o ato
raro será o aprendizado
de que entre amar e o amargo
de que entre amar e o amargo
há somente um trato:
AMARGO
AMAR(GO)
AMAR GO
AMAR GO
AMAR GO
AMAR GO
AMAR GO
em algum ponto cardeal
deste mundo desigual
com o qual e sem o qual
estando ou não, num retiro espiritual
sempre algum tipo de mingau
alimenta este boçal...
tripudiar o corão
tripudiar o corão
algum sermão
adão, sansão
humor, razão
mesmo que seja em vão
budista, espírita ou cristão
é direito que temos, irmãos
é direito que temos, irmãos
o certo é que ser livre sempre será
a maior e mais endeusada decisão
embora exerça cisão
entre tolos e os de razão
entre tolos e os de razão
sou não
só não
sempre SÃO
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
sua poesia
ja que nunca poetisei pra ti
hoje, depois de seu mentir
quero mesmo é somente rir (...)
(r...) ir
(.r..) ir
(..r.) ir
(...r) ir
ir...ir...ir...ir...ir
que a rima seja em demasia, fria e pobre
e meu riso fecunde sobriamente o pólen
modificando sua dissimulação em algo nobre
rir com escárnio
buscando no escarro
expulsar todo enfado
de um mero sentir, barato
é necessário é necessário
talvez, documentar este pobre fato
pois minha memória tem se negado
e subitamente, até deletado, seus dados
e nada armazenado e nada armazenado
jamais coisa rara
custosa ou mui cara
inventiva, amarga
venenosa e rasa
saia da estrada macabra
sem placas e sem amarras
deixando-me findar este legado
em que o recado fora-me revelado
amargo
amar
go...go...go...go...go
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Natimorto
Com as imagens ainda latentes na minha retina arranhada por uma profusão de idéias que se intercalam sobrepostas e nada impostas na concatenada teia de complexas idiossincrasias indigestas pelas quais fui submetido por tal película, reluto em refluir o alimento que me fora ofertado pelo angustiante abismo no qual precipitei-me ao longo do filme por se tratar de nutrição de grande valia, embora úlcera aberta, in vida. A desconcertante presença da reflexão intimista marcada na imersão da consciência individual, pincelada pela opressiva e sombria condição humana, revela-nos seus limites e abismos. Baseado no livro de Lourenço Mutarelli, cuja escrita apresenta-se como uma das mais híbridas e instigantes da atual produção literária nacional, repleta por diálogos desconcertantes, limados com humor ácido e pautada pela recorrência ao simbolismo existencial, o filme é fruto da adaptação do segundo livro do Kafkoiévski Paulistano, cuja densidade e ironia insultam os níveis das sadias mentes benevolentes defensoras de uma visão antropologicamente positiva da perversa natureza humana. Afinado roteiro, com diálogos impactantes, a prática da taromancia com as mensagens e figuras doentias que ilustram o verso dos maços de cigarros, somados as estórias contadas pelo personagem interpretado por Mutarelli, findam, por revelar, consequências surreais e epifânicas resultantes das divagações em que ambos se lançam no enclausurado quarto de hotel onde se encontram. Atmosfera destrutiva e depressiva, profícua reflexão perturbadora, flerte com a esquizofrenia, dentre outras características, exemplificam de modo profundo o Eros e Tânatos que habitam (D)ENTR(O)E nós, pobres criaturas, desta mendicância torpe de uma vivência desvairada e envaidecida na qual fomos submetidos sem quaisquer autorizações ao OUTREM(DEUS). Talvez por isso ele vislumbre tanta beleza na passagem súbita da existência para não-existência de um ser como NATIMORTO.
PS: Simone Spoladore está maravilhosa. Fotografia belíssima. Lourenço, sem comentários...
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Conceda-me seu antídoto
Pois sem ti, careço de sentido
A vida perambula num círculo
Eterno-retorno, morno, insípido
Conceda-me seu artifício
De fazer-me sempre um riso
Tecendo a paz em seu solstício
Acalentando meu louco hospício
Se não há antídoto, mate-me feito bandido
Arranque de meus lábios seu último suspiro
Enforque meu amor com seu aroma-flor-dor
Neste mendicância torpe em que meu escárnio
Esvaziou-se e multiplicou-sE
Noutros Amores...
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Dia cinzento.
Com os olhos entreabertos na manhã cinzenta que anunciava o dia que insistia me observar, pensei relutante em ser outro eu, ou outrem, que não este meu eu. Mas este outrem não poderia ser qualquer outrem, ou outro eu, mas sim um outrem que meu atual eu julgasse ser adequado a este meu eu. Tantos eus ou outrens, que recolher-se no meu insignificante eu, e apenas tentar imaginar o outrem correspondente à vontade deste meu eu, era o que coloquei-me a pensar neste meu íntimo eu: o eu pensante. Percebi que o eu da minha chuvosa manhã escura, já não era o mesmo eu, dos sonhos na madrugada nua e crua. Na medida do tedioso dia, absorto pelas divagações e mergulhado na onda pelo pensamento do meu futuro eu, encontrava certa dificuldade em estabelecer o que meu atual eu desejava querer do outrem e futuro eu. A cada outrem que meu eu pensava, já não era o mesmo eu que raciocinava. As possibilidades eram tantas, que talvez o melhor a fazer, era torcer pro meu eu jamais esquecer querer ser outros eus, e assim atualizar-se sempre em eu. Sou eu, não sou eu, sou mais eus...
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
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Há uma fome
Intransigente
Concupiscente e
Inconseqüente fome
Uma fome que se alimenta
Da vontade de não ser fome
Pois, uma insaciável fome
Requer ser ad infinitum fome
E esta ânsia em não ser mais fome
Necessita de uma variabilidade enorme
Ácida, amarga, agridoce e conforme,
O tino picante de malicias e carícias
Permanece, eterna e descabida
Insaciável
Bandida
Perene-desejar
AFLITA
Eis a fome, que és fome de,
VIDA
VIDA
VIDA...
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