sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Conceda-me seu antídoto

Pois sem ti, careço de sentido

A vida perambula num círculo

Eterno-retorno, morno, insípido



Conceda-me seu artifício

De fazer-me sempre um riso

Tecendo a paz em seu solstício

Acalentando meu louco hospício



Se não há antídoto, mate-me feito bandido

Arranque de meus lábios seu último suspiro

Enforque meu amor com seu aroma-flor-dor

Neste mendicância torpe em que meu escárnio

Esvaziou-se e multiplicou-sE

 
Noutros Amores...



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dia cinzento.

Com os olhos entreabertos na manhã cinzenta que anunciava o dia que insistia me observar, pensei relutante em ser outro eu, ou outrem, que não este meu eu. Mas este outrem não poderia ser qualquer outrem, ou outro eu, mas sim um outrem que meu atual eu julgasse ser adequado a este meu eu. Tantos eus ou outrens, que recolher-se no meu insignificante eu, e apenas tentar imaginar o outrem correspondente à vontade deste meu eu, era o que coloquei-me a pensar neste meu íntimo eu: o eu pensante. Percebi que o eu da minha chuvosa manhã escura, já não era o mesmo eu, dos sonhos na madrugada nua e crua. Na medida do tedioso dia, absorto pelas divagações e mergulhado na onda pelo pensamento do meu futuro eu, encontrava certa dificuldade em estabelecer o que meu atual eu desejava querer do outrem e futuro eu. A cada outrem que meu eu pensava, já não era o mesmo eu que raciocinava. As possibilidades eram tantas, que talvez o melhor a fazer, era torcer pro meu eu jamais esquecer querer ser outros eus, e assim atualizar-se sempre em eu. Sou eu, não sou eu, sou mais eus...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

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Há uma fome

Intransigente

Concupiscente e

Inconseqüente fome


Uma fome que se alimenta

Da vontade de não ser fome

Pois, uma insaciável fome

Requer ser ad infinitum fome



E esta ânsia em não ser mais fome

Deseja não ser saciada com um nome

Necessita de uma variabilidade enorme        

Ácida, amarga, agridoce e conforme,



O tino picante de  malicias e carícias

Que após ser degustada com bebida

Permanece, eterna e descabida

Insaciável
Bandida
Perene-desejar

AFLITA

Eis a fome, que és fome de,

VIDA
VIDA
VIDA...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ah, se tu transmigrasses

Seria pra qual encarnes ?

Metempsicosiarias, ou evoluirias?


Rodopiaria feito bailarina em Itapuã

Diluindo o sol na forte febre terçã, ou

Espalharias a frieza glacial da mente racional?


Se me fosse dada a incumbência

Genital e genial do meu ser passional

Transformarias , tu, no mais belo pássaro cardeal


Pois assim cantarias nos voos em espiral

Exalarias beleza rubra, singela e carnal

Instaurando flores neste pobre quintal (…)


Cardeal,cardeal cardeal...