terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Ofegante
Relutante e
TRANSBORDANTE
Anuncio feito alto-falante
Neste instante
O efeito inebriante
Do meu estado
Prestante
PEDANTE
Amante, amante, ERRANTE


CALMO
No MOVIMENTO
Deste AMOR
Desmedido em TRANSE
Contemplo
Em cada relance
O flagrante movimento
Navegante
Neste mar GIGANTE
Grande, grande, EXCITANTE.





quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Chova

Mas chova de verdade

E com tal intensidade

Que arrebate

O que já foi tarde.


Caia

Mas caia de verdade

E com tal velocidade

Que esmague

O que já foi tarde


Suma

Mas suma de verdade

E com tal fugacidade

Que maltrate

O que já foi tarde


Beba

Mas beba de verdade

E com tal crueldade

Que acabe

O que já foi tarde


Viva

Mas viva de verdade

E com tal intensidade

Que esqueça

O que já foi tarde


Viva

Mas com plena liberdade

E com tal vivacidade

Que tudo que fora tarde

Não seja desculpa para um eterno alarde.

Coisa e tal

Tal e coisa

Um boçal

Sentimental


Coisa e tal

Tal e igual

Um visceral

Animal


Coisa e tal

Tal e como

Um canibal

Passional


Coisa e tal

Tal e mal

Um ritual

Ornamental


Coisa e tal

Tal e sal

Um convencional

Tridimensional


De tanto coisa e tal

Tal qual, o carnaval

Enfim, um final

Unilateral.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Seduction


Segue o link do artigo de minha autoria que fora escrito a pedido de meu poetinha camarada, amigo e irmão Felipe Pauluk, no blog que criamos em parceria com mais dois integrantes: Aghata Miranda e Nando Brites.


http://devotos-do-ocio.blogspot.com/2010/05/seduction.html

Confuso, luto e acabo por delatar o mundo

Eunuco, degusto, sisudo, o cubano charuto

E das cinzas que dele ultimam pinto minha retina

Deixando-a sem a cruel rotina, em ver-te, linda guria


Risonho, revigoro-me no fomento desmedido dos sonhos

Cujo grau de tolerância, pasmem, remete-me a infância

E no destilado cachorro engarrafado, vou apaziguando os fatos

De um poeta em manter a chama, do amor de quem não lhe ama.


Assim, com a brasa nas entranhas, vejo façanhas

Dentre as quais uma linda constatação me apraz:

De que amar vale à pena, mesmo sem ter-te, minha pequena

Já que a beleza do sentir sem possuir, não inibe o porvir.

sábado, 20 de novembro de 2010

Musica


Composição: Ralph Kohler


Menina-bossa sai dessa joça

Inova a fossa e joga fora

Da pena em deixar alguém

Não ser amada mais que um vintém

A vida é dura, fugaz e nula

Se não amou, jogou chorou

Portanto voe, doe e perdoe

Que sem rancor, brota o amor


Menina-nova, não há quem possa

Pois sem a bossa a vida é fossa

Bruta e nula, sem a candura

Se não a muda, que Deus lhe acuda

Já que a curta, quando se viu, já lhe partiu

Em dois, em mil

Portanto voe, doe e perdoe

Que com amor, sem tem mais cor.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aforismo


Sabes, não foi ilação que exigira muito da escassa massa cinzenta, azulada,ou rosa - incolor, do meu eu pensante. Intui a pouco, com inexatidão, mas perplexa constatação, quão fugaz e inefável resume-se mísera, a finita existência. Não proporcionar-me satisfações estéticas eternas, capazes de preencher meus vazios sedentos por fruição, é pura traição. Eis de acreditar, de agora em diante, na possibilidade da reencarnação como alento ao meu ser pedante. Eis de buscar, o agora, incessante, sublimar as infinitas amantes, criadas, incriadas e recriadas de expressar-se em brasa ofegante. Embora soe desatino, eu julgaria como descaso, ou mero capricho divino, furtar-me dos deleites corpóreos deste mundo dionisíaco.

No velar-se fez-se o encanto

Num espanto a dor um pranto

Da candura fez-se nula, a ternura


Do amor que mitigou a dor jamais cessou

Forjou na brasa, um forte em norte

Cicatrizando o corte, a brilhar cobre


Mas de repente, do acaso desfez-se o fardo

O amargo trago transmutou-se em doce fato

E da poesia surgiu à vida, já que estava perdida

Combalida e intempestiva feita nau à deriva.

Por mais que eu tente entender

Do cais, no mais, plasmou o ser

Fingi amá-la na tua senzala

Sedento em ser mais que Isaura

Porém, sem forças como irei expulsá-la?!


Cor, no mais, de céus já vai

Entristecê-la com fel, anil, com vil ócio, partiu

Saiba, amei, joguei, mudei e cansei

Da sua inércia que nada muda e sempre nula.


Agora, cabe-me o findar

Segue tua trilha, nua e límpida

Que sem tua retina

Visão eis de ter

Cristalina

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Casto
Magro
Insensato e
Gasto
Do ranço
Do ato
Do parto
Do gago
Do gozo sem trato
Mas mero contrato.
Cansado
Do chato
Sem tato
Apenas lisonjeado
Escravizado e amargo
Do encosto sem gosto
Engodo, morno e insosso
Daquilo que vais sem nunca ter tido
O fino trato do não perdoado fato
De nunca ter-lhe amado, mas apenas a enredado...

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Após um longo período de hiato em que internei-me na clínica dos poetas para desintoxicar-me um pouco da filosofia analítica, retorno sem grandes compromissos filosóficos e coloco-me a escrever algumas coisinhas poéticas.

Quem dera se por acaso
Desatino ou mero capricho divino
Incorporar-me moraesmente
Na minha alma elementos de Vinícius

Assim, talvez, quem sabe
Com a verve poética surgindo
Persuadir-me-ia de que sem chorar,
Pesar e sofrer, não valha pena viver

Sem furtar-me
No incorrerer
Em muito perder
Para enfim, amar.